segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O holandês voador (baseado numa velha lenda do mar)


                                                                     O holandês voador


                                                          1 – Tome mais um gole, baby
                                          
Vou beber mais uma cerveja, baby. Sirva-se também. Não sei seu nome. Não importa. Mas preciso de você. Preciso desabafar, dizer quem sou. Posso pagar pelo seu tempo. Posso respirar o perfume vagabundo e o esmalte cor de sangue que você usa para ganhar a vida. Posso suportar essa roupa suja. Mas agora preciso desabafar. Preciso do seu tempo. Não quero seu sexo. Ouça minha história, baby. Só isso. Pago bem.
Sou o holandês voador. O maldito. O condenado a vagar eternamente pelos mares por ter ofendido a Deus.
Nasci na Holanda no século 15. Já vi mares revoltos de ondas gigantescas, já vi águas calmas refletindo a lua, já vi de tudo que vive no mar. Eu e meu barco, pobre barco de madeira podre, de leme escuro e conformado de quem já sabe o que vem pela frente, de velas esfarrapadas, ondas, vento, sal, medo, frio, escuro, solidão. E eu sempre lá, baby, um condenado a vagar eternamente, enquanto houver noite e dia, dia e noite, enquanto o sol sair todas as manhãs. Sou um cachorro lazarento, um cão pestilento e solitário que todos chutam, uivando para a lua como quem quer dividir a solidão.
Não tente entender, baby. Apenas me ouça. Apenas finja que sou um homem comum, que dorme tranquilo todas as noites como dormem os que estão em terra firme e porto seguro. Como dormem os que vêm aqui em busca do seu sexo e depois voltam para casa embriagados de prazer e cachaça fazendo juras de amor à mulher. Finja que sou um deles, baby. Posso pagar pelo seu tempo.
Não existe terra firme para mim. Minha sina ainda não terminou. Já engoli água salgada, xinguei ventos, amaldiçoei ondas e expulsei, com uma arma tosca e enferrujada o anjo divino e iluminado que pousou na proa do meu barco trazendo mensagens do céu. Sou um condenado e o barco ainda balança sob meus pés. O barco quer o mar. E no mar não há terra firme. Só eu. Eu a solidão. Solidão e leme. Leme e lanterna na popa. E o sino. E o sino badala sempre e, badalando, o sino lembra minha sina. Blém, blém, blém...
Veja, baby. Veja que verme estou. Veja que farrapo sou. Meu barco está velho e carcomido. O casco está começando a rachar. Em breve, o mar estará entrando por ali. E estou cansado. Estou tão cansado, e meus ouvidos estão tão cheios de sal, que sequer consigo ouvir a canção de ninar que você poderia cantar para mim. Cante para mim, baby. Eu pago. E minhas mãos, tão grossas e calejadas de manejar o leme, já nem conseguem fazer carinho na tua pele branca e macia, onde muitos homens já deslizaram as mãos em busca de prazer. Tome mais uma cerveja, baby. Garçom, traga rum para mim.
Ouça. O sino do barco está tocando de novo. Blém, blém, blém...Tento fingir que não ouço. Mas é inútil. Bobagem. Ele me chama. É o sino. É a sina. Terei de ir, baby. Mas antes, preciso desabafar. Fique comigo só mais um minuto. Posso pagar pelo seu tempo. Seu tempo é tudo que me resta.

                                                           2 – O anjo

Me ouça baby, com esses olhos enormes de quem não dorme carregados de maquiagem podre e esse batom negro como as trevas. Meu coração é um campo de batalhas. Longas batalhas. Batalhas sangrentas. Batalhas cruéis. Já comandei marujos que devastaram vidas, vilas, homens, mulheres, crianças. Já comandei exércitos que dilaceraram famílias, desonraram crenças. Ri na cara da fé. Cuspi em esperanças. Comandei legiões que, em nome de reis insanos, semearam desespero e dor.
Comandei meu barco, minha nau, com orgulho de aço e punhos de ferro. Coloquei homens a ferro por, famintos, roubarem comida. Queriam pão. Dei-lhes morte. Chicoteei homens por demonstrarem medo. Fui um lobo. Um lobo sanguinário, sem alma, sem nada, sem vida. Um lobo em terra, nas estepes, selvagem. Um lobo do mar, sem deus. Apenas um lobo.
Naquela noite fria e tormentosa, a tempestade assolava meu barco. Lembro-me bem. Ondas gigantescas desabavam a bombordo e estibordo. Meus homens tiveram medo. Pediram para recolher velas e reduzir a velocidade. Pediram para que eu lhes salvasse a vida. Eu pensei: danem-se. Era meu barco. Eu era o capitão. Eu era o poder. Dane-se o medo dos homens. Dane-se os homens. Que me importam os homens? Danem-se! Icem todas as velas! Velocidade máxima!
Quem é Deus para me desafiar? Quem é Deus para mandar ondas, chuvas e ventos contra meu barco? Posso vencer Deus. Posso vencer o mar. E quem não me obedecer será jogado ao mar. Danem-se. Se têm medo, deveriam ter ficado em terra. Aqui é meu barco. Aqui mando eu. Deus não manda aqui. Nem o mar. Nem as ondas. Mando eu. Eu. Eu...outra cerveja e outra dose de rum, garçom.
Então, ele apareceu. Primeiro, como uma luz estranha, vindo do nada, fantasmagórica, sinistra. Apenas uma luz, que cegava a tripulação. Assim ficou por segundos. Depois, tomou forma. A forma de um anjo. Um anjo de Deus. A tempestade parou. O vento virou brisa. A noite ficou calma e leve. Os homens se ajoelharam. Ele era o mensageiro de Deus. Ele era a resposta às preces de todos os homens que ali estavam. Ele estava ali para salvar-lhes a vida.
Mas ele era um intruso na minha nau. Ali, só havia espaço para um deus, e esse deus era eu. A tripulação se ajoelhou para agradecer. Meu sangue ferveu. Saquei a arma e ordenei que ele se retirasse do meu barco. Ele era um intruso. Eu não podia admitir intrusos em meu barco, nem mesmo os que fossem enviados por Deus. Eu era o capitão. Ele apenas me olhou. Ordenei mais uma vez. Ele não se mexeu. Ordenei de novo. Ele continuava ali. Xinguei. Blasfemei. E então disparei. A bala saiu da minha arma, bateu em seu peito e voltou em minha direção. Explodiu em meu braço. Uma dor quente tomou conta do meu corpo. O sangue manchou minha camisa. Sangue. Meu sangue. Fui tomado pela fúria.
Saquei a espada e avancei contra ele. Tentei furar-lhe o peito. Cortar-lhe a cabeça. Mas, de repente, como num sonho, senti-me completamente paralisado. A espada continuava em minha mão, mas eu não conseguia caminhar. Até mesmo o sangue da bala havia parado de jorrar. Tentei gritar para a tripulação, mas não conseguia me mexer.
Então, ele falou, Falou sem mexer os lábios. Falou de uma forma que só eu escutei. E foi mais ou menos assim que ele falou ele: “És capitão de teu barco, mas não és dono da vida desses homens. Esses homens pertencem a Deus. És capitão de teu barco, mas não és Deus. Há muito temos te observado. Temos acompanhado tua crueldade. Temos acompanhado teu rastro de destruição. Sabemos tudo sobre ti. Sabemos de teu desprezo pela vida. Sabemos que és uma alma morta. Veja tua tripulação. Almas simples que sabem reconhecer a força e a presença de Deus. Mas tu, com sua empáfia, com sua soberba, com teu orgulho, simplesmente não consegue compreender o que é isso. Condenou-os à morte. Pouco te importa as vidas desses homens. Pouco te importa a vida. Pois bem. Deus decidiu que esses homens serão poupados da morte. Deus ouviu as preces desses homens. Deus decidiu que esses homens viverão essa noite. Que, apesar de tua natureza sanguinária, esses homens voltarão para suas casas. Mas tu não. Tu não mereces voltar ao convívio dos homens. Tu permanecerás eternamente neste barco, completamente só. Estás condenado a vagar solitário por mares e céus eternamente. Estás condenado a permanecer neste barco, completamente só, enquanto a Terra for Terra, enquanto o sol se levantar todos os dias. Estás condenado por Deus a permanecer neste barco até o fim dos tempos. E, como um louco, tomarás o leme e tentará encontrar o caminho de casa. Como um louco, verás ondas desabarem sobre ti. Como um louco, praguejarás contra Deus e contra o mundo. E então verás que Deus não escuta tuas pragas. O mundo saberá quem és, o que fizestes e qual foi sua danação. Os que te olharem também estarão condenados. Conhecerás a mais profunda solidão, o sofrimento, a dor e a desesperança, que rasgarão tua alma assim como a espada rasga a carne. Viverás durante séculos, até que Deus tenha piedade de ti. Serás conhecido como o amaldiçoado, o cão das noites chuvosas. Nessas noites, todos verão teu barco pairando sobre as águas, como um fantasma. Terás que lutar contra os monstros que habitam em teu coração. E aí talvez um dia Deus tenha piedade de ti. Talvez algum dia Deus lhe conceda uma nova oportunidade. Caso contrário, estarás condenado a sofrer completamente só, até que chegue o tempo em que o mar secará. Essa é tua maldição.”

                                   3 – Um fantasma movido a ódio e rum

E dito isso o anjo sumiu. Meu corpo voltou a se mexer a tempo de ver um redemoinho medonho e gigantesco se formando no mar. Vi minha nau embicar em direção ao redemoinho e tremi. Mas a tripulação estava estranhamente calma. Vi meu barco ser engolido pelo redemoinho. Tentei segurar-me às cordas mas não consegui. Senti a água fria do mar cortando minha pele como faca. Fechei os olhos e pensei: morte. Vou morrer. Está tudo acabado. E nada mais vi.
Não sei quanto tempo se passou. Quando abri de novo os olhos, eu continuava no meu barco. Completamente só. Não sabia onde foram parar meus homens. Não sabia o que havia sido feito de mim. Então, percebi que era verdade. O anjo estava certo. Eu estava amaldiçoado. Encha mais um copo, baby. Eu pago.
Em vão clamei pela tripulação. Onde estavam todos? Peterson! Por que abandonastes o leme? Volta, ou serás castigado! Joanhess! Já não mandei içar as velas? O que fazes que ainda não me obedecestes? Van Nielsen! Hans! Von Helmultz! Winter! Onde estão vocês? Por que não aparecem? Estou mandando que apareçam. O capitão está dando uma ordem. Sou o capitão e ainda mando nesse barco. Onde estão vocês? Como ousaram desertar? Apareçam ou serão punidos! Eu os colocarei a ferros! Serão jogados ao mar! Onde estão, seus bastardos?
Mas ninguém respondeu. Apenas o vento, que balançava a vela e fazia o leme girar sem rumo. Na cabine, o sino tocava. Blém, blém, blém...Ninguém na proa. Ninguém na popa. Ninguém, a não ser vento e mar. E rum, um rum amargo e interminável, com gosto de fel. E então afinal percebi que, tal como disse o anjo, assim seria dali para frente. Eu, meu barco fantasma e o mar. Uma estranha névoa vermelha nos cercava, como um sinal da vingança de Deus. Nada mais.
E assim naveguei durante séculos. Conheci a aurora boreal e os mistérios do céu. Vi estrelas morrendo e outras nascendo. Deixei de ser homem de carne e osso. Virei um fantasma maldito. Um fantasma movido a rum e ódio de Deus, pela maldição, e dos homens, por suas fraquezas. Às vezes, conseguia ver naus distantes nas noites em que as tempestades não eram tão fortes. Aproximava-me. Girava o leme do barco na direção da proa de navios desconhecidos. E, por alguns segundos, percebia que podia ser visto. E, por alguns segundos, algum pobre marujo da vigia conseguia ver meu barco, já conhecido como holandês voador, pairando acima do mar, envolto na névoa vermelha. E ele via tanto ódio, tanta tristeza e tanta solidão que a morte o carregava ali mesmo. Eu ria.
E assim naveguei durante séculos. Continuei enfrentando ondas gigantescas, ventos indomáveis. Às vezes, a solidão era tanta que eu gritava. Louco, fazia o leme girar voltas sem fim. Bêbado de rum, disparava minha arma contra mim. E sentia a bala entrando em minha carne, embora não tivesse mais carne. E sentia dor, embora não tivesse mais corpo. E continuava ali, como um cachorro sem dono, como um maldito, como uma doença sem cura, como um arrepio na espinha, como uma peste, como um sinal de desgraça, como o prenúncio da morte, como um símbolo do castigo divino. Eu, o holandês voador. Aquele que ninguém quer ver, aquele que todos amaldiçoam. E eu berrava e gritava, e amaldiçoava, e ria de bêbado, e bebia aquele rum de fel sem parar, como se fosse o cálice da vida. E, bêbado, vomitava rum para tomar mais rum e continuar bêbado, e berrando, e amaldiçoando, e praguejando e rindo da minha embriaguês. E chegou o tempo em que até mesmo olhar para céu nas noites de tempestade era proibido para os navegantes, para que não vissem o holandês voador.
E o tempo passou, e meu ódio foi ficando fraco, a não ser quando vinham as tempestades e o traziam de volta. Restou a desesperança. E, em desesperança atravessei novos séculos, enfrentei novas tempestades, recolhi velas, toquei o sino (blém, blém, blém) e girei o leme. Em desesperança, deixava-me cair solitário na proa do barco, olhando para o horizonte sem fim. E via apenas mar, e vento, e tempestades, e a vela, e ouvia o sino. E a desesperança era como a espada rasgando minha carne que não era carne, meu corpo que não era mais corpo, minha alma que não era mais alma.

                                           4 – Nas noites de tempestade

E o tempo passou, e a desesperança cresceu e tomou conta do meu barco. Ás vezes, fazia uma calmaria infernal, sem um único vento, uma única brisa. E as velas não se mexiam, o leme sequer se movimentava. Até o sino permanecia estranhamente calado. E o barco permanecia dias, semanas, numa calmaria insuportável, tão sem fim quanto meu sofrimento, tão profunda quanto minha solidão. E assim se passaram séculos, e eu não mais amaldiçoava, não mais gritava, não mais odiava, não mais chorava, não mais bebia aquele rum com gosto de inferno. Só o sino (blém, blém, blém) me lembrava da minha sina, da maldição, do peso e da ira de Deus no meu coração.
E então, numa noite calma, as ondas aquietaram-se. O vento parou. O anjo apareceu novamente. O mesmo anjo, o mesmo rosto duro, a mesma luz. As mesmas asas, o mesmo manto. E então ele falou, e era uma voz de trovão, que entrava na minha cabeça sem que ele abrisse a boca uma única vez. E sua voz quase arrebentava minha cabeça, e fazia minhas veias pulsarem tanto que tive medo que estourassem e jorrassem rum. E ele apenas me olhava, e suas palavras começaram a ecoar na minha cabeça mais forte que as badaladas do meu sino.
E ele disse mais ou menos isso: “Homem maldito, homem que, por sua crueldade, fostes amaldiçoado por todos, Deus está disposto a dar-lhe uma única chance de reparar o mal que fizestes. É hora de completar tua sina. Daqui a três luas, deixarás teu barco. Atracarás num porto onde anjos estarão te aguardando. Descerás e seguirás com eles. E então, terá uma nova oportunidade de retornar à terra dos homens. E ali, para encerrar a maldição, terás que encontrar uma mulher que o ame. E terá que aprender a amar, não apenas a ela, mas a todos aqueles que cruzarem teu caminho. Essa será tua  missão. Amar aquela que te amar, amar aqueles que te forem enviados, domar tua natureza cruel. Terás que aprender a viver com compreensão e sabedoria. Não poderás magoar aqueles que te cercarem na jornada. Se tiveres sucesso, Deus perdoará teus crimes e teu passado, e poderás enfim deixar teu  barco. Mas se falhares, retornarás ao barco, solitário e devorado pela dor, e dele não sairás jamais. Esse é o desejo de Deus. Se falhares, ouvirás o sino te chamando. E assim será. Vai-te agora.”
E eu me fui, e atraquei minha nau, e alguns anjos me carregaram para fora do holandês voador. Olhei no rosto daqueles anjos e vi, ali, o rosto de companheiros de tripulação. O rosto de homens que mandei punir, que joguei ao mar, que chicoteei, que puni. Mas eles não me olhavam com ódio. Olhavam-me com piedade. Fechei os olhos. Ao longe, ainda pude ouvir o baladar do sino: blém, blém, blém... Rum e cerveja, garçom.
E então despertei em terra, numa cidade diferente de tudo que eu já havia visto. Eu estava no século 21, e muita coisa havia mudado. Mas outras permaneciam as mesmas. Deus não foi justo. Meu coração acostumou-se à solidão. Durante séculos sozinho, não aprendi a amar. Talvez eu não tenha nascido para amar. Meu coração é feito de ódio e rum. Algumas pessoas são assim. Nascem para cumprir missões. A missão é tudo que importa, custe o que custar. Minha missão era ser o capitão do meu navio e fazê-lo chegar com segurança aos portos. E foi o que fiz, e foi pela missão que blasfemei e derramei o sangue de minha tripulação. Nada importava. Eu tinha uma missão.
Mesmo assim, vaguei durante dias em terra. Olhava as pessoas no rosto e também não percebia amor. Deus foi cruel. Talvez o homem não tenha nascido para amar, mas a ira de Dele caiu sobre mim. Não é justo, mas não posso discutir com Deus.
E tanto vagar, e de tanto desamar, vim para nesta espelunca, baby. Estou cansado. Não precisa dizer nada. Apenas tome um último gole comigo. Ouça. Blém, blém, blém... o sino. A sina. O barco me chama. Vou cumprir minha missão. Sou o capitão deste barco. Vou cumprir minha sina e voltar ao comando. Ele está me esperando.
Não chore, baby. Cada um tem o destino que faz. Este é o meu. Eu, o cão pestilento, falhei perante Deus. Hoje, percebo que lobos do mar jamais poderão ter paz. Jamais poderão amar. Jamais conseguirão fazer outras pessoas felizes. A natureza do escorpião. A natureza do lobo. Não há como domá-las. Nem com amor. Não sei amar. Não mereço perdão. Um homem como eu não muda.
Ouça. O barco me chama. Devo voltar a ele. Ouço os sinos. Blém, blém, blém... Não, Deus não me dará uma nova chance. Até a bondade Dele tem limites. Acabou. Tome. Pegue um lenço e seu dinheiro, baby. E um dia você poderá contar a todos que bebeu com o holandês voador. Com o maldito. O cão. E que ele lhe pagou um trago e lhe contou sua história. Guarde esta moeda como lembrança.
E, nas noites de tempestade, se você olhar para o céu, poderá me ver. Eu estarei lá, sozinho no meu barco, cercado de névoas vermelhas, içando velas, segurando o leme, berrando ordens para ninguém, blasfemando contra Deus com uma garrafa de rum nas mãos. Estarei lá como um cachorro sem dono, como uma doença que ninguém quer, como um cão sarnento, como uma maldição solitária. Estarei lá sozinho enfrentando tempestades, vulcões e ventos sem fim. Estarei no meu barco, segurando o leme. E então você saberá que sou eu. O holandês voador.

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